Todos já devem ter ouvido discussões a respeito da magreza excessiva imposta pela indústria da moda, difundida por revistas, desfiles e programas de TV. A beleza ideal, humanamente impossível para as mulheres que não foram abençoadas pela genética das esquálidas, a menos que façam uso de dietas restritivas e exercícios físicos em demasia. Surgem então problemas como anorexia, bulimia, obscessão por esportes e gastos exorbitantes com produtos de beleza e tratamentos estéticos.
Esse discurso já tumultuou algumas temporadas de desfiles, rendeu horas de audiência em programas de TV e ajudou algumas famílias a identificarem o início de tais problemas em seus filhos.
Parece assunto velho, mas numa época em que a maioria das mulheres, até mesmo as magras, dizem precisar emagracer pelo menos 2 quilos deparei-me com o caminho contrário, meninas que querem engordar.
Isto mesmo, pela terceira vez ouvi o seguinte comentário: "Ai, preciso voltar a tomar vitaminas, canso de comer mas não estou engordando!" Sim, comer, engordar. Mas por quê?
Em duas situações em que presenciei tal frase, as meninas, adolescentes de no máximo 17 anos, eram bastante pobres, moravam na periferia, e tinham como objetivo preencher a calça jeans. Isso mesmo, não queriam uma única dobrinha na calça, sinal de magreza, e portanto, distante do ideal de beleza: "as popozudas".
Já no outro caso, a menina era uma pré-adolescente de 11, 12 anos. Linda, magra, com mãe magra e nitidamente obcecada pela magreza. A menina simplesmente queria ser gorda, e não popozuda, GORDA! Perguntei-me o por quê, mas é um pouco óbvio. Um grito de liberdade, um protesto inconsciente. Abaixo a chatice dos obcecados pela magreza! Esse foi o jeito que a menininha encontrou para chamar a atenção, posicionar-se contra a mãe e mostrar sua revolta.
Um assunto que renderia uma densa pesquisa acadêmica.
Que tal pensar a respeito?